Sabádo fui ao estádio com meu pai. Fomos a Vila Belmiro assistir Santos F.C x Paraná F.C, pela 35º rodada do Campeonato Brasileiro.
O jogo era importante, valia a manutenção da vaga para a Libertadores da América. Mas a realidade foi outra, jogo ruim, os dois times sonolentos e criando muito pouco. Acompanhamos o jogo das cadeiras numeradas atrás do gol. Normalmente assisto aos jogos da arquibancanda mesmo, na minha opinião é o lugar onde o pessoal realmente entende de futebol, mas como eu estava na companhia do meu pai, preferi o conforto das numeradas.
O interessante de assistir aos jogos nas numeradas, é o tipo de torcedor que encontramos por la.
Eu e meu velho nos sentamos e ficamos esperando o começo do jogo. Enquanto esperavamos outros torcedores foram chegando, um pai com suas duas filhas, a esposa e o filho fanático pelo Santos, sentaram-se a minha esquerda. Logo em seguida chegou um senhor e se sentou perto de nós também. O setor ficou relativamente cheio, e o jogo começou.
A partida estava tão ruim que comecei a prestar atenção nas atitudes de alguns torcedores.
A mulher e suas duas filhas adoraram tanto ir ao estádio que conversavam sobre unhas e tintura de cabelo. Eu estava prestando mais atenção na conversa delas do que no jogo. Estava quase babando de tanto sono, mas aos 44 minutos, quando todos achavam que a primeira etapa terminaria empatada, Tabata cobrou falta pela esquerda do ataque santista, o goleiro Flávio falhou e a bola foi para o fundo da rede. Pexei 1 a 0.
Na hora do gol até me assustei, pulei da cadeira, limpei a baba e fui comemorar com meu pai. E assim acabou o 1º tempo, com o Santos vencendo por 1 a 0.
No intervalo comi uma pipoca, tomei um refrigerante e continue com o ouvido na conversa das moças. Eu sei que isso é feio, mas estava bem mais interessante do que o jogo, e como eu não tinha mais nada pra fazer, continue ouvindo.
O 2º tempo começou e o jogo continuava ruim, e então comecei a prestar atenção em uma senhora com seu marido. Toda vez que o Wellington Paulista pegava na bola, a mulher ia a loucura, gritava, xingava, levantava da cadeira, fazia de tudo. Fiquei intrigado com as atitudes da mulher, e ai mudei meu ouvido de conversa, comecei a prestar atenção em sua conversa com seu marido, e descobri que a frenética torcedora era simplismente a mãe de Wellington Paulista. Tinha certeza que existia algum envolvimento, nenhum torcedor santista, nem mesmo o mais fanático, torcia e admirava tanto o rapaz.
Passado alguns minutos da segunda etapa, o senhor que havia se sentado perto de nós, começou a gritar com um dos jogadores:
-"porra Carlinhos, solta a bola meu filho"
Até pensei que o tal Carlinhos tivesse entrado em campo, pois como eu estava prestando atenção na conversa alheia, perdi alguns lances da grande partida, mas depois pensei melhor e vi que o rapaz não era o Carlinhos e sim o Fabinho. É tudo com "inho" mesmo, tanto faz.
Mas o velho não parava:
-"Carlinhos seu filho da puta! Toca a bola porra"
Meu pai então, resolveu avisá-lo de que o nome do jogador não era Carlinhos. O velho sorriu e disse: "ha, é mesmo. O Carlinhos é o lateral"
Resolvido o problema dos nomes, resolvi continuar ouvindo a conversa dos outros. Tudo bem, eu sei que é muito feio, mas me deêm um desconto, o jogo estava horroroso. No meio de uma importante parte da conversa dos outros, meu pensamento foi enterrompido pelo grito do velho:
- "mas que merda Carlinhos. Meu Deus, esse Carlinhos é ruim demais. Tira ele Luxemburgo"
Não acreditando no que tinha acabado de ouvir, virei para ele e disse que o nome do rapaz era Fabinho e não Carlinhos. Ele sorriu, olhou pra mim e disse:
- "eu sei"
Bom, essa foi a última vez que falei com ele, mas ele continuo o jogo todo xingando o coitado do Carlinhos. Fazer o que né? Deixa ele descontar a raiva em quem ele achar melhor.
Continuei antenado nas conversas paralelas, quase no fim da partida, Reinaldo passou pelo meio da zaga e saiu na cara do goleiro. Sozinho, livre, pronto pra marcar o segundo gol do Santos. Naquele momento os torcedores que estavam ao meu lado se levantaram e muitos gritavam:
- "ele é foda, joga demais, faz Reinaldo"
E o que ele fez? Perdeu o gol na cara do goleiro. Faz parte do futebol eu entendo, mas os mesmo torcedores que alguns segundos antes disseram que ele era um grande jogador, soltaram o verbo:
- " porra Reinaldo vai pro inferno. Nossa, ele é ruim demais, como pode perder um gol desses"
Como pode um jogador ser muito bom, e em alguns segundos se tornar o pior jogador que já existiu neste planeta?
Vai saber, coisa de torcedor!
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3 comentários:
E aí Rafa. Concordo com vc, sempre tem alguns "figuras" engraçadíssimos nos estádios. Minha mãe, inclusive, é uma delas...rsrs...
Até mais!
Texto mto bom.. mas é q o santos é time pkeno uahauhahu
bjunda
Coisas de futebol...
O texto está legal e envolvente, pena que o Santos não envolveu tanto o torcedor. Mais legal estão as observações. Essa coisa de prestar atenção em várias coisas acontecendo e depois escrever sobre elas é muito bom exercício para o jornalista. Valeu. Continue assim
Bjs
Rita Bonizzi - jornalista e assessora de imprensa
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