O que você quer ser quando crescer? Quem nunca ouviu essa pergunta de alguma tia? E a criança responde coisas maravilhosas, como astronauta, piloto de Fórmula 1, piloto de avião. Mas com certeza, a maior parte das crianças, principalmente os meninos, querem ser jogador de futebol. Entrar em campo vestindo a camisa do clube que ama, fazer o gol mais importante da história do futebol, e sagrar-se campeão do mundo. Para muitos o sonho vira realidade, mas para alguns o futebol vira apenas um meio de sobrevivência A maioria dos atletas dedica todo seu tempo ao futebol, deixando de lado os estudos, a família e outras prioridades da juventude, tudo pelo sonho de se tornar um grande jogador.
Vivemos em um país pobre, cheio de diferenças sociais e econômicas. O futebol é apenas uma parte dessa sociedade injusta e desumana. E como parte dessa sociedade, o futebol tem seus problemas, suas diferenças e desigualdades. Aquele menino que sempre sonhou em jogar no clube de seu coração, entrar no Maracanã lotado e vestir a camisa da seleção nacional, muitas vezes acaba perdido em algum pequeno clube brasileiro, ganhando muito pouco, passando dificuldades e sofrendo abusos de seus patrões. E o que mais esse garoto pode fazer? Largou os estudos, saiu de casa ainda criança, tudo em nome de um sonho, que muitas vezes termina em pesadelo.
De acordo com dados da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), 80% dos jogadores profissionais no Brasil ganham menos de dois salários mínimos, 15% estão desempregados e os 5% restante estão empregados e ganham mais de dois salários mínimos. Os números reforçam a idéia de que o futebol é apenas mais uma parte da sociedade brasileira. No bairro do Morumbi, temos casas luxuosas e maravilhosas de um lado da rua, e do outro lado temos favelas. No futebol acontece a mesma coisa, em frente ao centro de treinamento do São Paulo e Palmeiras, está localizado o Nacional Atlético Clube, time fundador da Federação Paulista de Futebol, mas um time pobre que paga muito pouco a seus jogadores e possui uma estrutura de trabalho precária, enquanto isso, do outro lado da rua, jogadores de Palmeiras e São Paulo treinam nos melhores gramados do mundo, utilizam os melhores aparelhos, são acompanhados por profissionais capacitados e recebem salários gigantescos.
A realidade do nosso futebol acompanha a realidade do nosso país. Poucos concentram grande parte de dinheiro e recursos, e a grande maioria vive com muito pouco.